O veleiro 'Madleen' de ajuda humanitária, operado pelo grupo Coligação Flotilha da Liberdade - Freedom Flotilla Coalition (FFC) -, partiu, no dia 1 de junho, da Sicília, em Itália, com destino à Faixa de Gaza. A bordo estão a sueca Greta Thunberg e outros 11 ativistas e tinham como objetivo "romper o cerco israelense" ao território palestino.
Cerca de uma semana depois, o navio acabou sendo desviado pelo exército israelense após vários avisos do país de que não chegariam ao destino pretendido. Uma atitude que valeu críticas, por exemplo, por parte do Irã que acusa Israel de "pirataria".
Entre os ativistas estão também o ator Liam Cunningham, Davos Seaworth, de 'A Guerra dos Tronos', e a eurodeputada sa de ascendência palestina Rima Hassan, que foi impedida de entrar em Israel devido à sua oposição ativa aos ataques israelenses a Gaza.
"Estamos fazendo isto porque, independentemente das probabilidades (de sucesso), temos de continuar tentando", disse Greta Thunberg emocionada, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press.
E acrescentou: "Porque o momento em que deixamos de tentar é quando perdemos a nossa humanidade. E por mais perigosa que seja esta missão, não é nem de perto nem de longe tão perigosa como o silêncio do mundo inteiro perante o genocídio transmitido em direto".
Barco começou a aproximar-se de Gaza
No sábado, dia 7 de junho, a ativista alemã dos direitos humanos Yasemin Acar afirmou que o veleiro estava já "navegando ao largo da costa egípcia" e que estava "tudo bem".
Em um comunicado divulgado hoje a partir de Londres, o Comitê Internacional para Quebrar o Cerco a Gaza - organização membro da Coligação da Frota pela Liberdade - informou que o navio entrou nas águas do Egito, vizinho da Faixa de Gaza.
No documento é indicado que os tripulantes estão em o com as instâncias jurídicas internacionais para garantir a segurança das pessoas a bordo, alertando que qualquer bloqueio constituiria "uma violação flagrante do direito internacional humanitário".
Já perto de Gaza... Israel proíbe chegada de navio
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou ao exército para que travasse o navio de ajuda humanitária que se encontrava a caminho de Gaza.
"Ordenei às FDI [Forças de Defesa de Israel] que atuem para impedir que o veleiro Madleen chegue a Gaza. À antissemita Greta e seus amigos, digo claramente: regressem, pois não chegarão a Gaza", disse Katz, em declarações divulgadas pelo seu gabinete.
Katz acrescentou que Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio naval ao território palestino, que, segundo alega, visa impedir o Hamas de importar armas.
Entre "regressem" e "nunca chegarão a Gaza", navio 'Madleen' é desviado pelo exército
O veleiro, que tem a bordo 12 ativistas, foi desviado, durante a noite de domingo, pelo exército israelense, tendo dito aos ageiros para que "regressem aos seus países".
"[O navio] está se dirigindo em segurança para a costa israelense. Os ageiros devem regressar aos seus países de origem", declarou o ministério israelense dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
Depois de uma escala no Egito, o Madleen aproximou-se de Gaza, apesar dos avisos de Israel, que tinha dado ordens ao seu exército para o impedir de se aproximar do território palestino.
"Perdeu-se a ligação com o Madleen. O exército israelense entrou a bordo do navio", anunciou a coligação através da rede social Telegram, afirmando que a tripulação tinha sido 'raptada pelas forças israelitas'.
The last image of the crew. pic.twitter.com/PkYQSLa3Ri
— Rima Hassan (@RimaHas) June 9, 2025
Ataques do Hamas? Israel diz que irá mostrar vídeos aos ativistas
O porta-voz do ministro da Defesa israelita, em comunicado, disse ter instruído as Forças de Defesa Israelita (IDF, sigla em inglês) para que exibam os vídeos dos ataques de dia 7 de outubro de 2023 a todos os que estão a bordo do veleiro, assim que chegarem ao porto de Ashdod.
"A antissemita Greta e os seus amigos apoiadores do Hamas devem ver exatamente o que a organização terrorista do Hamas - aquela que eles vieram apoiar - realmente é", salientou.
E acrescentou: "Eles devem ver as atrocidades cometidas contras as mulheres, os idosos e as crianças e perceber que Israel está a lutar para se defender".
Vale destacar que os ativistas estão apoiando o povo palestino, não o grupo extremista, como Israel alega. Greta não declarou apoio ao Hamas, apenas criticou o genocídio do povo da Palestina.
"Ataque a este barco é considerado uma forma de pirataria"
O Irã acusou Israel de ter praticado um ato de pirataria ao interceptar o barco de ajuda humanitária que tentava chegar a Gaza, com ativistas internacionais a bordo.
"O ataque a este barco é considerado uma forma de pirataria segundo o direito internacional", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baqaei.
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