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Embaixador da Palestina chora ao falar sobre morte de crianças em Gaza

"Dezenas de crianças estão morrendo de fome. As imagens de mães abraçando seus corpos imóveis, acariciando seus cabelos, falando com eles, pedindo desculpas...", disse Mansour, embargando a voz, em reunião do Conselho de Segurança da ONU

Embaixador da Palestina chora ao falar sobre morte de crianças em Gaza

© Getty

Folhapress
29/05/2025 10:00 ‧ há 1 semana por Folhapress

Mundo

Gaza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em discurso forte e emocionado, o embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, chorou nesta quarta (28) ao falar sobre a morte de crianças na Faixa de Gaza. Segundo ele, mais de 1.300 crianças palestinas perderam a vida e outras 4.000 foram feridas desde que Israel encerrou um frágil cessar-fogo, em março.

 

"Dezenas de crianças estão morrendo de fome. As imagens de mães abraçando seus corpos imóveis, acariciando seus cabelos, falando com eles, pedindo desculpas...", disse Mansour, embargando a voz, em reunião do Conselho de Segurança da ONU.

"É inável...como alguém pode?", emendou, batendo na mesa com a mão direita. Ele chorou e teve de interromper seu discurso.

Em seguida, com a mão sobre a testa, Mansour afirmou que a situação dos palestinos está "além da capacidade de qualquer ser humano normal de tolerar". "Eu tenho netos. Eu sei o que eles significam para suas famílias."

A guerra provocou uma tragédia humanitária em Gaza, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, tem sido cada vez mais pressionado para interromper as ofensivas no território.

Na terça (27), o jornal Haaretz publicou que militares do Estado judeu preparam uma carta aberta para dizer que a guerra se tornou imoral e deve acabar. O documento, apresentado a militares em serviço e da reserva, já recebeu mais de 1.200 s, afirmaram à publicação os organizadores da iniciativa.

Diversos países, incluindo aliados de Israel, pedem pelo estabelecimento de um novo cessar-fogo. A última ação do tipo começou em 19 de janeiro e durou quase dois meses. No dia 18 de março, porém, Israel rompeu a trégua e voltou a atacar Gaza após divergências com o Hamas sobre as fases seguintes do acordo.

O governo de Netanyahu ainda impôs um bloqueio sobre a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que agravou a crise em um território já devastado.

Na semana ada, após forte pressão, Israel afrouxou parcialmente o bloqueio, permitindo a entrada de alguns caminhões de agências internacionais em Gaza, incluindo veículos do Programa Mundial de Alimentos com farinha para padarias locais. Mas a quantidade de mantimentos que entrou no território palestino tem sido apenas uma fração dos 500 a 600 caminhões que, segundo a ONU, seriam necessários diariamente.

Com o pequeno fluxo de ajuda retomado, as forças israelenses -agora controlando grande parte de Gaza- continuam fazendo ataques a alvos diversos. Ao menos 3.900 palestinos foram mortos desde que o cessar-fogo foi rompido em março, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

No total, mais de 54 mil palestinos já morreram desde a ofensiva de Israel em resposta aos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, segundo autoridades de saúde de Gaza.

Leia Também: 'Pessoas famintas' invadem armazém da ONU em Gaza; há registro de mortos

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